Paola ouve música no rádio. Zapeia pelas estações pulando as notícias e as propagandas. Dança no compasso daquelas que somente ela escuta. A música berra em seus ouvidos. Os fones parecem que vão explodir.
Paola aprecia a todos que a observam em sua loucura particular. Vasculha os olhares e lê as mentes à procura de alguém. Procura por outro insano como ela. Tem de ser um insano belo. Os feios estão a salvo.
Paola é uma morena de um metro e oitenta de altura e olhos verdes. Seus olhos amendoados e sua boca carnuda lhe conferem uma beleza impar. O seu corpo esguio não revela a força que Paola tem, pelo contrário, lhe confere uma certa aura de fragilidade. Ela usa isso a seu favor.
Paola encontra um olhar especial na multidão. Uma mariposa especial na nuvem. Enxerga um brilho azul sobressaindo na pele alva da face aquilina. Paola o escolhe e inicia um jogo de simulações. No jogo a presa se enxerga como caçador. A presa se aproxima de Paola.
Paola olha, sorri e sai do metrô. O belo estranho, a linda presa, a segue. Paola levemente diminui o passo para que o belo a alcance. Ela aprecia o jogo. Aumenta as passadas para que ele também o faça. Completando assim a conexão. Fechando o nó entorno da presa.
Paola sai da estação e ruma em direção a um conjunto de vielas e becos escuros. Ermo e sombrio os qualificam. Não é lugar para uma moça linda e comum, mas Paola é especial. O belo a segue e a encontra numa das curvas esperando por ele.
_ Você demorou.
_ Você é muito rápida. Sou Lucas.
_ Sou Paola, o que deseja?
_ Saber que música você escuta e a marca do seu batom?
_ Escuto 'Sympathy for Devil' e o batom não sei.
Paola pensa:
"Errei. Outro hedonista homossexual. Vou continuar com fome."
Largou o belo no meio do beco e foi assaltar um banco de sangue.
Autor:
Simone da Silva Figueiredo
(escrito em 01/09/2011)
o final eh a melhor parte. lembrei-me de um livro q adorei ler, o manual do hedonismo. pena q o dei de presente a uma grande amiga, senão, te emprestava.
ResponderExcluirbjoooooooooooo