sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A Igreja

Thiago adentra a nave da igreja. A pequena construção do século XVI se mantém de pé; apesar do castigo do tempo, através dos açoites das intempéries. A nave de teto elevado aonde ainda era possível avistar desenhos de anjos, tinha buracos por onde a chuva caia em cachoeira.

Thiago buscou abrigo para a chuva. Achou que a igreja seria um lugar seco e seguro. Seu corpo era sacudido pela febre e a dor que a falta de alimento trazia. Se aproximou daquilo que foi um dia um belo altar e que tinha a qualidade de ser o ponto mais seco da igreja. Adormeceu em meio as dores.

Thiago ouviu chamar seu nome. Acordou e viu a mais bela igreja. Aroma de rosa e sândalo invade suas narinas. Ele percebe que as dores o abandonaram. O lugar outrora molhado estava seco. O teto apresentava, agora, pinturas perfeitas sobre o céu dos anjos.

Thiago tem a sua atenção chamada pela luz na porta. Do mesmo lugar de onde vinha o som que evocava seu nome. A luz clara, intensa e acolhedora se aproxima. Começa a se revelar, com a proximidade, o contorno de um rosto belo e tranquilo. O leve som de bater de asas é ouvido.

Thiago olha para trás e se vê. Chora. Sente no seu novo ser um abraço quente e no seu coração a calma que uma vida inteira de sofrimentos jamais provou.

Thiago dorme calmamente.

Autor:
Simone da Silva Figueiredo
(escrito em 31/8/2011)

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