quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Estrela – Nova e Supernova

Alguns observadores celestes eram levados no passado a acreditar que as estrelas surgiam no céu, nasciam. A transferência de matéria de uma estrela maior para uma estrela menor, devido a proximidade, provoca um fenômeno, uma explosão. Tal fenômeno provocava a crença do nascimento de uma nova estrela.

Quando um homem apaixonado se aproxima de uma mulher, também apaixonada. A aproximação gravífica promove a transferência de matéria da estrela maior – mãe – para a estrela menor, interna a ela – filho. Num dado momento, em torno de nove meses, a estrela mãe se torna instável – entra em trabalho de parto – e a explosão lança no espaço parte do material da estrela mãe – nasce uma criança.

Em 1913, nasceu uma criança estrelar. Veio com uma missão especial – brilhar. Por onde passou plantou sorrisos, encantamentos e alegria. Cresceu um menino encantador, a alegria de seus padrinhos. Quando estes faleceram retornou ao lar materno e se tornou a alegria dos pais e irmãos. Cresceu um pouco, ele era uma pequena estrela, e foi trabalhar. De dia era a alegria dos colegas de trabalho, não importavam as dificuldades, tinha um sorriso para todos. A noite um espetacular dançarino.

A estrela se tornou um garboso rapaz. Não era namorador, era encantador. O seu brilho prendeu-se ao de uma mãe d’água. O rapaz se apaixonou por uma índia. Viveu ao lado de sua sereia das águas amazônicas por 35 anos. Nesse período tornou a vida dos amigos, da família e da esposa especial. Quando a sereia voltou para as turvas águas do Rio Negro. A estrela voltou a bailar pelos salões. E num início de 1999, após confessar a neta, que ainda era apaixonado por sua sereia, partiu para a eternidade.

Quando uma estrela gigante chega ao fim da sua vida produz uma explosão tão intensa que é similar à explosão de uma galáxia inteira. Para sermos estrelas gigantes da vida temos de cultivar o encantar, o amar e o querer bem.

No enterro da estrela um dos funcionários do cemitério exclamou: “Deve ser um político importante, tem muito tempo que não vem tanta gente para um enterro”.

Uma grande estrela após sua explosão pode se tornar um pulsar – uma área que emite energia constante. Hoje, a estrela faria cem anos. Sinto saudades.

Escrito por Simone da Silva Figueiredo
(em 23 de Setembro de 2013)

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Abandono

No despertador estrategicamente colocado ao lado da cama, o visor indica 05:30 – a alvorada.

Ela se levanta, meio trôpega, vai para o banheiro e inicia a rotina de asseio diária. Escova os cabelos, prende-os na touca, banho rápido de cinco minutos e escova os dentes.

No quarto, dia a dia os mesmos passos. Creme hidratante, desodorante, roupas intimas e roupa de escritório.

O despertador a traz de volta ao planeta, agora são seis horas. Acordar as meninas. Um breve pensamento grita: “Elas e eu queremos dormir”.

Arruma as crianças, leite no copo e pão no prato, lancheiras arrumadas, uniformes e penteados verificados. São sete horas, elas partem. A moça do transporte chegou.

Na rotina cadente tal qual pêndulo de relógio de parede, os afazeres não podem esperar. Não pode cochilar. Arruma as bolsas e sai.

Caminha.
Pega o trem.
Caminha.
Pega o ônibus.
Bate o ponto.
Trabalha.
Almoço.
Trabalha.
Bate o ponto.
Caminha.
Pega o ônibus.

Cumprimenta a recepcionista no segundo emprego. Reunião, ordens, reunião – não necessariamente nessa ordem.

Sai.
Caminha.
Pega o Metrô
Pega o Trem.
Caminha.
Entra em casa.

Retorno a balburdia amada. Verifica os deveres de casa, ouve as histórias. Conta histórias para dormirem. Às vezes, cochila.

Senta ao computador.
Trabalha.

O relógio marca 01:00. O serviço não terminou. O sono venceu.
Toma uma chuveirada morna. Coloca a camisola e deita.
Então, a coberta de algodão cru toca o seu corpo e sussurra baixinho: “Você está sozinha. Boa Noite!”.



Escrito por Simone da Silva Figueiredo em
13 de setembro de 2013 – 10:07